segunda-feira, junho 30, 2008

O rescaldo de 1 Med "cheio"

Sem dúvida que este festival Med de Loulé já está no mapa dos eventos em Portugal...Poderão existir alguma criticas em termos de lotações, de escolhas musicais, seja do que for, mas é sem dúvida um festival muito especial! De cariz familiar, transporta-se o corpinho por entre ruas cheias de culturas e artesanatos, comidas e gente com sorrisos, num centro histórico, dentro de uma cidade libertada pelo D. Afonso III, entre 5 palcos com boa musica, onde os amigos locais nos fazem sentir em casa! Vimos grandes concertos, aliados a uma estadia na praia, a conjugação perfeita de um escape urbano! Penso que se perdeu aquele conceito inicial de descoberta (pelo menos para mim!), onde os nomes são mais sonantes e de áreas tão díspares como a soul, pop, rock, etc...portanto, temos pouco de mediterrâneo por aqui...mas assistimos a concertos muito bons...a odisseia começa numa quarta-feira quente, com a La Shica apenas visionada num música...segundo companheiros de luta, a menina portou-se muito bem...mas tinhamos um destino bem vincado...Balkan Beat Box de "alma klezmer e sangue balcânico" com batidas electrónicas, deram na minha opinião o melhor concerto deste Med! Extraordinária conjugação de banda-público para a dança! Essa noite acaba com uma banda francesa "Caravan Palace", que mistura Jazz Manouche com batidas electrónicas, onde entuasiasma no ínicio acabando talvez na monotonia...mas a banda é eficiente misturando swing, charleston e o tal jazz dos anos 20 e 30, uma vocalista bonita e a malta entretém-se!
Acorda-se, mergulha-se e depois pensa-se! Ritual de todos os dias, onde se encaminham a troupe do costume em direção a Loulé...num 2º dia cheio, a expectativa era grande...Jimmy Cliff teve um som abafado e pouco interessante, rodeado de um palco matriz cheíssimo, nós não ligámos muito a este grande nome do reggae...mas os vencedores tiveram no palco da cerca...começa-se com um siciliano muito simpático de seu nome Roy Paci, onde juntamente com a sua banda Aretuska, onde se debitam rimas e notas a alta velocidade numa fusão de estilos, numa grande festa! No final os agradecimentos in loco a este trompetista de folêgo imenso! Mas os vencedores da noite vieram de Barcelona...Muchachito e os seus Bombo Infierno, deram-nos mais um exemplo do movimento rumba de Barcelona, onde a experiência de musico de rua, nos trouxe um grande espirito em palco de partilha, fusões e humor...ao final da quarta música saem de palco, simulando logo a seguir o encore...Baterista sem bombo era excelente, contrabaixista em mode rockabilly, metais a bombar, o artista a pintar em tempo real e um Muchachito de alma cigana a tocar de forma tão rapida desde dos tempos de Django Reinhardt...tocaram horas a fio numa loucura constante, tanto a solo como com a banda!
Na sexta-feira, depois uns grelhados à beira-mar, perde-se a menina castiça (Deolinda) e deslocamo-nos para ver uma figura lendária da soul music...Solomon Burke, que tem no seu reportório 68 anos, 240 kilos de peso, 21 filhos e 89 netos! Entra de cadeira de rodas, distribuí 120 rosas vermelhas pelo público, destila o groove do macho engatatão e encaminha-nos para uma série de versões de exitos dos anos 60, onde se figuram êxitos do próprios e de amigos já falecidos...entre eles o Otis Redding foi uma figura de destaque...Na cerca, vi a transformação de Stef Kamil Carlens, o mentor dos Zita Swoon, num Bowie actual...gostei muito desta reinvenção musical, deixando o art-pop disco para uma toada mais funk quase tropicalista...o coro era bonito e um bom completemento à voz de Stef! Acaba a noite com a dança e simpatia dos Zuco 103, apostando numa formula certa de sucesso mas a nivel musical com pouco Suco (sumo)! Os sons tropicais, como a bossa nova, remisturados e cantados numa voz quente e simpática da cantora brasileira fez-nos dançar como se não houvesse amanhã!
Sabado começa o Med com uma sopa de peixe a ouvir e ver o amigo Nanook, na sua blueszada habitual, onde encantou de tal forma com a sua musica e simpatia. que repetiu a formula mais tarde! Versões à Capella de "Mercedes Benz" da Janis Joplin, "Tomorrow" dos James e dos habituais orginais encantaram os presentes...The Most Wanted, foram agradaveis mas algo confusos em termos de estilos...por vezes misturar muitos estilos como reggae, dub, ska e afro-beat no mesmo bolo poderá soar confuso e sem espaço para a musica respirar! Tive pena de não se ver a nova diva do fado, Ana Moura, mas os relatos foram muito positivos...porém antecipamo-nos numa cerca cheia para ver o casal Amadou et Mariam do Mali, que nos trouxeram o blues africano e a comoção desta relação de amor...a banda é muito competente e acaba numa espantosa declaração de amor..."Je penses à toi Mon amour, ma bien aimée Ne m'abandones pas Mon amour ma chérie"...foi pena os poucos temas tocados de "Dimanche a Bamako" mas é sempre um prazer! Acaba-se a noite com um erro claríssimo de casting, com os Café Tacuba do México, onde sendo grandes por lá continuaram pequeninhos aqui...rock, salsa, ska, bla bla com poucos momentos de interesse!
No Domingo, cansados e sem espirito, ouve-se apenas uma especia de new age project de Idan Raichel, israelita, mago dos teclados mas sem muito interesse, apenas destacando um solo ecologista do percussionista uruguaio...e seguir viagem em frente à realidade pensando no próximo!
Dito isto, o saldo é mais do que positivo com muita praia, loucura, amigos, Kebab´s excelentes e outros que nem por isso, o pão Med, o jardim dos Amuados, os animadores, a todos os malucos dos meus amigos que tive e por isso lá estarei para o ano outra vez com eles...apesar de não gostar tanto desta evolução quase descontrolada de um festival, onde tem pouco espaço para tanta cultura e pessoas, alguns desvios da musica tradicional para formatos mais rock/pop e a falta da DJ Raquel Bulha! Bem haja!


p.s. estiveram 22 mil pessoas nesta edição, e já está assegurado a edição do próximo ano!

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